sábado, 24 de janeiro de 2015

BATISMO: ASPERSÃO OU IMERSÃO?



O BATISMO: IMERSÃO OU ASPERSÃO?

Introdução:

Este artigo não tem por objetivo ATACAR, DIFAMAR OU DESRESPEITAR as igrejas que batizam por imersão ou aspersão, mas tem o intuito apenas de mostrar as diferenças básicas entre eles e o histórico relacionado ao assunto. As fontes são bíblicas, mas teremos também referências externas relacionadas à geografia e à política nos primórdios do cristianismo. Esperamos apenas e tão somente chegar a uma conclusão lógica e de cunho espiritual, sem objetivar discussões acaloradas ou tresloucadas, com acusações tipo heresias.


ENTENDENDO O SIGNIFICADO DE TEXTO E CONTEXTO

Quando temos um texto, temos à sua volta todo um contexto.

Vejamos, por exemplo, o caso de um filme qualquer. Temos o “herói” ou figura principal, e ao mesmo tempo temos os personagens que de forma direta ou indireta participam da trama. Muitas vezes, os personagens secundários acabam sendo tão ou mais famosos que o próprio personagem principal.

Já tivemos casos de personagens secundários tão famosos, que eles foram temas de novos filmes voltados para eles. Isto serve também na vida real, na ficção e na Bíblia.

O caso do batismo, por exemplo, nos apresenta João Batista e depois Jesus. No início, João era o personagem principal. Depois, Jesus foi tomando seu lugar e se tornou a figura central. Mais tarde, a História da Igreja vai seguindo o mesmo princípio do senhorio de Cristo, mas paralelamente nos apresenta outras histórias, como a dos apóstolos e do apóstolo Paulo.

O contexto também nos mostra costumes, política, história e geografia.


Antecedentes históricos:

Entre as ordenanças da carne impostas na velha dispensação, até o tempo da reforma da nova aliança, o autor da Carta aos Hebreus menciona vários batismos (Hebreus 9:10) que a Versão Brasileira do Novo Testamento traduz por várias abluções. Esses batismos estão incluídos na lista das cerimônias do Velho Testamento que deviam desaparecer por se terem tornado antiquadas. E como eram feitos esses vários batismos do Velho Testamento?

No mesmo capitulo 9 e versículo 13 da Carta aos Hebreus encontramos a indicação de que um desses batismos era feito por aspersão e depara-se com a confirmação disso no Velho Testamento, no capitulo 19 de Números. Diz o autor da Carta aos Hebreus: "Se o sangue de bodes e de touros e as cinzas de uma novilha aspergidas sobre os contaminados santifica-os para a purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo que pelo Espírito eterno se ofereceu sem defeito a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas para servirmos ao Deus vivo" (Hebreus 9:13, 14).
 A expressão “cinzas de uma novilha aspergidas sobre os contaminados” se refere à água da purificação usada para aspergir os contaminados por um cadáver. A descrição da purificação desses contaminados encontra-se no capitulo 19 de Números.

Ainda no mesmo capitulo 9 da Carta aos Hebreus são mencionadas outras purificações cerimoniais do Velho Testamento feitas por Moisés, pela aspersão de água e sangue.

"Quando Moisés havia falado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água e lã tinta de escarlate e hissopo, e aspergiu não só o próprio livro como também a todo o povo, dizendo: Este é o sangue da aliança que Deus ordenou para vós. Também da mesma, maneira aspergiu o tabernáculo e todos os vasos do serviço sagrado" (Hebreus 9:19-21).

Essas purificações feitas por Moisés devem estar incluídas nos vários batismos do versículo décimo.

A purificação cerimonial dos levitas era feita pelo aspergimento de água, como se lê em Números 8:7:

"Assim lhes farás para purificá-los; asperge sobre eles a água da expiação, e eles façam passar uma navalha sobre toda a sua carne, lavem os seus vestidos e purifiquem-se a se mesmos".

Esta aí um exemplo claro de uma purificação cerimonial feita pela aspersão de água.

A purificação cerimonial de um leproso curado era feita pela aspersão de sangue misturado com água.

"E que se mate uma das aves num vaso de barro sobre águas vivas. Quanto à ave viva, tomá-lo-á, e o pau de cedro, e a escarlata e o hissopo e os molhará juntamente com a água viva no sangue da ave que for morta sobre as águas vivas. Aspergirá sete vezes sobre aquele que se há de purificar da lepra, e declará-lo-á limpo, e soltará a ave viva sobre a face do campo" (Levítico 14:5-7).

É este mais um caso de uma purificação cerimonial feita por aspersão.

Os vários batismos de Hebreus 9:10 não podiam ser imersões, porque não há purificações feitas por imersão no Velho Testamento. A expressão vários batismos deve, pois, se referir às purificações do Velho Testamento que geralmente se faziam por aspersão.

É fato significativo que os batismos cerimoniais do Velho Testamento eram feitos com água e com sangue, mas os do Novo são feitos somente com água. O sangue no Velho Testamento era típico do sangue de Cristo que havia de ser derramado para a remissão de pecados. O cordeiro pascal, cujo sangue fora aspergido nas ombreiras e vergas das portas dos israelitas, na noite memorável da sua libertação do cativeiro do Egito, era tipo do Cordeiro de Deus que havia de tirar o pecado do mundo. Sendo assim que Jesus derramou o seu sangue na cruz do Calvário, não havia mais necessidade de se derramar o sangue de animais. O tipo desapareceu com o advento da gloriosa realidade.
Ademais, o sangue de Cristo, na nova dispensação, é representado pelo vinho da santa ceia e o pão é símbolo do seu corpo. Desapareceu, portanto, a necessidade de qualquer outro símbolo para representar a sua morte expiratória. Perdura, no entanto, a água, no Novo Testamento, como símbolo da purificação efetuada pelo poder de Deus. No Novo Testamento temos o batismo cristão com água, mas desapareceram todos os batismos cerimoniais com sangue.

Jesus veio por meio de água e sangue, porque, quando foi transpassado pela lança do soldado romano, do seu lado correram água e sangue (João 19:34), mas, desde o Velho Testamento, a água e o sangue eram tipos ou símbolos de alguma coisa e eram, no dizer bíblico, sombras das coisas vindouras.

A água representava a purificação efetuada pelo poder de Deus e o sangue representava o meio de que Deus se serviria para efetuar a remissão dos pecados. "Segundo a lei quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não há remissão" (Hebreus 9:22). Jesus veio com aquilo que a água e o sangue representavam, pois veio cheio do poder purificador do Espírito Santo de Deus (Lucas 3:16, 17) e também com sangue expiatório, sendo Ele o Cordeiro de Deus que havia de tirar o pecado do mundo (João 1:29).

Antes de passarmos a considerar o batismo de João, é de conveniência notar que as purificações dos judeus eram feitas com água viva, isto é, com água corrente (Levítico 14:5, 6, 51, 52; 15:13; Números 19:17).

Quando não encontravam água em movimento, punham-na em movimento derramando-a ou aspergindo-a com força. Para os rabis, "água parada representa a morte e a corrupção, e a água em movimento a vida e as influencias vivificantes do Espírito de Deus'* (Palavras de um rabi citadas por Fairfield nas suas "Cartas sobre o Batismo").

Quando João Batista começou a pregar e a batizar no deserto, não tinha para si outro modelo do modo do batismo senão aquele dos vários batismos judaicos do Velho Testamento que, geralmente, se faziam por aspersão, e, no Rio Jordão, encontrou aquelas águas vivas necessárias para a administração própria do rito do batismo.

Tendo diante de si esses exemplos do modo de batizar praticado geralmente pelos judeus, seria muito natural que o Batista adotasse o mesmo modo. Deus mandou que ele batizasse. O modo de batizar dos judeus não era imergir e sim aspergir ou derramar. Está claro, portanto, que para João, judeu e conhecedor da lei mosaica, batizar não era imergir, mas aspergir ou derramar. Em obediência ao mandamento de Deus para batizar, deveria ter seguido o modelo da lei de Moisés.

As gravuras mais antigas do batismo de Jesus representam-no como uma efusão e não imersão. Em uma dessas representações, da Igreja de Cosmedin de Ravena, edificada no ano 401, Jesus está em pé dentro do Rio Jordão, e o Batista, sobre uma pedra à margem do rio, servindo-se de uma concha, derrama água sobre a cabeça do Salvador. Existem ainda algumas outras gravuras antigas do batismo de Jesus e todas elas concordam com aquela de Ravena quanto ao modo do batismo.

Damos, em seguida, a palavra ao eminente mestre prof. Othoniel Motta:

"Que esta última (efusão sobre a cabeça), foi a forma dominante, provam-no as gravuras mais antigas, entre as quais não existe um sequer que procure figurar o batismo por imersão total. Não vamos aqui discutir se a Igreja primitiva errou com esse costume; seria entrar em discussões teológicas, e o nosso intuito, já o dissemos, é linguístico, histórico, arqueológico. Narramos fatos e eles se impõem com uma evidência incontrastável. Quanto mais antigas tanto mais eloquentes são em seu testemunho as gravuras que nos legaram os singelos artistas da cristandade. A água é exígua; não passa às vezes do tornozelo. O ministrante quase invariavelmente se acha em seco. Só vimos uma gravura em que parece que ele tem os pés dentro da água". (Das anotações do prof. Othoniel Motta ao Evangelho de Matheus).

Há ainda outra grave dificuldade para o batismo de João ter sido por imersão. O seu ministério podia ter durado uns dezoito meses e nesse período de tempo "saíram a ter com ele toda a terra da Judeia e todos os moradores de Jerusalém e eram por ele batizados no Jordão, confessando os seus pecados (Marcos 1:5).

Mateus faz uma afirmação quase idêntica (Mateus 3:5 e 6). A linguagem desses escritores sagrados dá a entender que o movimento foi nacional. Os judeus em massa submetiam-se ao batismo de João.


Suponhamos que somente um milhão de judeus tivessem sido batizados por ele, e que durante um ano todo ele nada fizesse senão batizar, a proporção para cada dia seria de mais de 2.700 pessoas. Nenhuma criatura humana poderia ter imergido nem a quarta parte desse número durante sete dias consecutivos. E nem mesmo poderia um homem viver mês após mês dentro d'água até a cintura" (Fairchild on Baptism, pag. 54).

Se João tivesse empregado um molho de hissopo molhado em água, para com ele aspergir o povo, à moda dos batismos do Velho Testamento (Números 19:18; Êxodo 12:22; Levítico 14:6,7), esse processo tornaria praticável o trabalho de batizar as imensas multidões que o procuravam.

De tudo quanto acaba de ser exposto, conclui-se que o batismo de João não podia ter sido administrado por imersão.

Os apologistas da imersão, como o único modo bíblico de batizar, costumam alegar que João Batista devia ter batizado por imersão, porque procurou a Enon, por haver ali "muitas águas". A abundância de águas é para eles uma prova de imersão.

Em primeiro lugar, notamos que, se muitas águas são necessárias para imergir muita gente, então no dia de Pentecostes, caso os batismos tivessem sido por imersão, teria sido necessário que os apóstolos procurassem muitas águas, pois nesse dia foram batizadas três mil pessoas, na cidade de Jerusalém, onde a água era notoriamente escassa. Mas, no dia de Pentecostes, os apóstolos não procuraram as águas do Jordão e, nem tão pouco, um lugar de muitas águas.

Havia sido profetizado que João Batista havia de clamar no deserto. E de fato, fez as suas pregações no deserto da Judeia. Uma vez que vinham a João grandes multidões de gente, não poderia recebê-las em lugares onde houvesse pouca água. Mesmo quando não tivesse feito nenhum batismo, ele teria de afastar-se das partes secas do deserto e teria de procurar água abundante para suprir as necessidades físicas das multidões que o procuravam.

Todo o mundo sabe que os grandes acampamentos de gente necessitam de água abundante para o seu abastecimento. É essa uma explicação natural do fato de ter João procurado lugares de abundância de água para o desempenho da sua missão de precursor do Messias. A procura de água abundante não necessita de imersões para explicá-la. Ademais; a expressão "muitas águas" indica mais uma porção de fontes de água, como as que havia em Enon, do que uma água profunda apropriada para imersões.

Os imersionistas insistem que Jesus foi batizado por imersão, porque saiu da água quando foi batizado. A tradução literal do texto grego é: E tendo sido batizado Jesus, imediatamente subiu da água (Mateus 3:16). Mas nessa expressão não vai nenhuma prova de imersão. Um animal entra na água de um rio, bebe, e depois sai da água, mas não houve nenhum mergulho. O entrar na água e sair dela, não é prova de imersão.

Das narrativas do batismo de Jesus em Mateus 3:16 e Marcos 1:10, percebe-se que o sair da água foi um ato praticado por Jesus e não pelo Batista. Não se diz que o Batista tirou Nosso Senhor Jesus Cristo de dentro da água como teria de fazer, se o batismo tivesse sido por imersão, mas foi o próprio Jesus que subiu da água, logo após o seu batismo realizado por João. O sair da água, portanto, não foi uma parte do batismo efetuado por João, mas um ato espontâneo praticado por Jesus, logo depois do seu batismo. Já se vê, que o sair da água não sendo uma parte do batismo, nada pode provar com referência ao modo do ato do batismo.

Há quem julgue que a expressão: "João batizou no Jordão”, seja uma prova de imersão. No entanto, também se lê que João "veio batizando no deserto" (Marcos 1:4, veja-se o grego). Ninguém julgará que esta última expressão signifique que João mergulhou o povo na areia do deserto. Só mesmo quem tem a ideia fixa de que batizar é somente imergir poderá julgar que "batizar no Jordão" não poderá ter outro sentido senão mergulhar no Jordão.

Não há nada na linguagem dos escritores sagrados que indique ter sido feito o batismo de Jesus por imersão. É muito mais provável que tenha sido feito por afusão ou aspersão, como indicam as mais antigas representações desse ato. Estaria isso, também de acordo com os batismos cerimoniais de purificação dos judeus que geralmente eram feitos por aspersão, como já tivemos ocasião de verificar.

Ainda mais um versículo nos faz crer que o batismo de João foi por derramamento ou aspersão; é Mateus 3:11. Fala o grande precursor de Jesus: “Eu, na verdade, vos batizo com água para o arrependimento; mas aquele que há de vir depois de mim, é mais poderoso do que eu, e não sou digno de levar-lhe as sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo".

Ora, sabemos que, quando Jesus batizou com o Espírito Santo, Ele o derramou (Atos 2:33) e também sabemos que as línguas de fogo repousaram sobre os discípulos. Cumpriu-se o que o Batista havia vaticinado. Se o batismo com o Espírito Santo e com fogo foi um derramamento ou um repousar sobre, porque não o seria igualmente o batismo com água administrado por João?


Resumindo; as nossas razões para crer que o batismo de João foi por aspersão ou derramamento são as seguintes:

1 - O modelo que João encontrou nos vários batismos do Velho Testamento era de aspersão ou derramamento. Ele devia ter seguido esse modelo.

2 - As gravuras mais antigas do batismo administrado por João representam-no como um derramar de água sobre a cabeça do batizando.

3 - As forças físicas de João não teriam sido suficientes para batizar por imersão, no curto espaço do seu ministério, as imensas multidões que o procuraram e por ele foram batizadas.

4 - A comparação que João faz do seu batismo com o de Jesus favorece o derramamento como o modo empregado, visto como, o batismo com o Espírito Santo, feito por Jesus, foi um derramamento. Não há motivo para supor que houvesse diferença no modo dos dois batismos.


Adendo:

(1) João Batista seria capaz de realizar a enorme tarefa de fazer imergir as multidões que se ajuntavam em torno dele às margens do rio Jordão, ou ele simplesmente derramava água sobre elas, como indicam algumas das inscrições primitivas? (2) Os apóstolos teriam achado água suficiente em Jerusalém e teriam as facilidades necessárias para batizar por imersão três mil pessoas num só dia? (3) Onde estão as evidências que provam que eles seguiram algum outro método, e não o modo dos batismos do Velho Testamento? (4) Acaso Atos 9.18 mostra de algum modo que Paulo saiu do lugar em que Ananias o encontrara, para deixar-se imergir nalgum lago ou rio? (5) O relato do batismo de Cornélio não dá a impressão de que a água teve que ser trazida e que as pessoas presentes foram batizadas na casa mesmo? (At 10.47, 48). (6) Há alguma prova de que o carcereiro de Filipos não foi batizado na prisão ou perto dela, mas levou seus prisioneiros até o rio, para que pudessem fazer-se imergir? Teria ele ousado levá-los para fora da cidade, quando lhe fora ordenado que os mantivesse presos com segurança? (At 16.22-33). (Fonte: Teologia Sistemática L. Berkouf)

São questões que parecem minar a ideia de que somente a imersão seja bíblica.

A aspersão é quando o ministro aplica certa quantidade de água sobre a pessoa. Normalmente não precisa de locais com grande quantidade de água, pois o objetivo é que a água seja derramada sobre a pessoa. Assim, pode ser feito em qualquer lugar, sem limitações, bastando que haja uma pequena quantidade de água. Alguns exemplos bíblicos parecem demonstrar que esse tipo de batismo era também utilizado além da imersão. O caso dos três mil batizados em um só dia (At 2.41). O batismo de Paulo na Rua Direita (At 9.11, 18). O caso do carcereiro de Filipos (At 16.29-33).

Esses são os modos de batismo usuais nas igrejas cristãs. Como disse e reafirmo a quantidade de água ou a forma como ela é ministrada no servo de Cristo não é o que realmente importa. O significado do batismo e principalmente aquilo que já aconteceu na vida daquele que se submete a ele é o que realmente tem destaque nas páginas da Bíblia Sagrada.

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado…” (Mt 28:19-20)



Contexto geográfico:

Toda a área da história bíblica nos apresenta regiões com pouca ou nenhuma água. Poços eram cavados e muitos reis se preocuparam em criar sistemas de reserva de água e de aquedutos. A água era e ainda hoje é um grande problema e uma riqueza nessa região.

Para João, batizar pessoas na cidade era muito difícil, pois além de serem milhares de pessoas, a quantidade de água a ser armazenada para derramar sobre os convertidos seria visto como um sacrilégio, diante da escassez do produto. Assim, batizar numa parte do rio Jordão que fosse mais rasa, provavelmente, segundo alguns historiadores, num ponto de passagem de pessoas e caravanas seria o mais coerente.

As pessoas entravam na água até o ponto onde João estava e este derramava a água sobre a cabeça do convertido. Então ele saía da água e uma nova pessoa entrava e assim sucessivamente.

As pessoas molhavam apenas os pés, tirando-se as sandálias antes da entrada na água. Depois era só esperar os pés secarem e colocar as sandálias novamente e retornar ao seu lar.

Imaginem a cena de pessoas com suas vestes completamente molhadas, tendo de enfrentar entre cinco e dez quilômetros de volta a seu lar! Chegariam na cidade completamente imundas, com a poeira grudada nas vestes, fato totalmente incoerente com os costumes da época.

Não havia acampamentos onde a pessoa pudesse trocar de roupa, entrar na água, ser mergulhada, retornar, trocar de roupa e voltar para casa. Seria algo impossível de se fazer.

Uma evidência em favor da aspersão no NT é o fato de que as pessoas eram batizadas imediatamente, no lugar em que se convertiam, quer  na cidade, quer no deserto; numa casa ou em uma estrada; na prisão ou à margem de um rio; no inverno ou no verão. Não havia demora, não há referência alguma à saída para um lugar adequado para a imersão.

Quando alguém cria, no mesmo instante e no mesmo lugar havia sempre o necessário para ser batizado. Por isso, é muito difícil crer que fosse assim, se praticasse a imersão. Pode-se supor, sim, mas é uma suposição altamente improvável. Vejamos alguns exemplos:

Paulo (At 9). Após sua queda e cegueira no caminho de Damasco, Paulo permaneceu três dias em jejum na casa de Judas. Ananias, guiado por Deus, entra na casa e, após breve instrução, batiza Paulo. Diz o texto: “a seguir, levantou-se e foi batizado”.

Havia um tanque na casa? foram a outro lugar? O texto não diz. A única “prova” seria o pretendido significado de “batizar”. Todas as circunstâncias são contra a imersão: na mesma casa, em pé, sem demora para preparar-se, sem sair nem entrar, pondo-se imediatamente a serviço de Cristo.

O carcereiro de Filipos (At 16). Convertido na prisão a altas horas da noite e, lá mesmo, imediatamente batizado junto com os seus. Foram a algum rio em plena noite? Havia um tanque na prisão? Quantas dificuldades o texto apresenta se partirmos do pressuposto de que batizar significa imergir, e nada mais. Por outro lado, quão simples se torna o relato, se se leva em conta que, para o povo judeu, era coisa natural o batizar-se por aspersão ou efusão.


Cornélio e sua casa (At 10). Sobre este episódio, se diz que o “Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a palavra. “Admiraram-se, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do “Espírito Santo”. “Quando comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós, no princípio. Então me lembrei da palavra do Senhor quando disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo (At 10.44; 11:15-16).

“Porventura pode alguém recusar a água, para que não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o dom do Espírito Santo?” (At 10:47). Pedro batizou estas pessoas por imersão? De um lado somente uma suposição contra toda evidência. De outro porém, além da forte impressão que Cornélio foi batizado em sua própria casa, há o registro de que o “derramamento” do Espírito fez Pedro pensar que os termos batizar, derramar e cair — aplicados ao Espírito Santo — implicavam uma ideia semelhante à água.

Filipe e o eunuco (At 8:26-39). Comumente este é um texto julgado claramente em favor da imersão. Em sua viagem, o etíope lia Isaías 53; provavelmente ele tinha acabado de ler o último versículo do capítulo 52 “ele aspergirá muitas nações”. Filipe lhe explicou a passagem e, quando chegaram a um lugar onde havia água, desceram a ela e Filipe batizou o eunuco. Por imersão? Mesmo entendendo o texto como uma entrada real na água, nem por isso fica demonstrada a imersão. Leve-se em conta que as sandálias podiam ser facilmente tiradas, e que isto estaria de acordo com os costumes orientais e que, depois de descerem à água, Filipe lhe administrou o rito do batismo por aspersão ou efusão. Por outro lado, é muito duvidoso que no lugar deserto onde se encontravam houvesse uma corrente de água com profundidade suficiente para submergir o eunuco.

Tudo indica que não esperaram para obter roupas próprias para o batismo e não é provável que o viajante se submergisse com a roupa que trazia ao corpo. O texto diz simplesmente que, após o batismo o eunuco “foi seguindo seu caminho cheio de júbilo”. Diz o texto, também, que Filipe foi “arrebatado pelo Espírito do Senhor” para Azoto. Não podemos presumir que o Eunuco seguiu viagem pingando água e Filipe achou-se repentinamente em Azoto com as roupas encharcadas.


Os três mil de Atos 2 (vv 37-41). No mesmo dia em que os discípulos foram batizados do alto pelo derramamento do Espírito sobre eles, mais três mil almas foram acrescentadas à Igreja. Foram submergidos estes convertidos? Para responder que sim, só se pode dar como prova o pretenso significado da palavra batismo, o qual já descartamos. Nada mais no texto pode sugerir a submersão. Porém, para negá-la, amontoa-se uma série de circunstâncias: Não havia lugar para realizar essa forma de batismo, nem no templo, nem nos arredores onde estavam reunidos. Quem sabe foram em procissão até a porta dos ovelhas onde havia um tanque, pediram licença à multidão de enfermos que lá jazia (Jo 5:1-3) e passaram horas e horas, provavelmente até tarde da noite, submergindo três mil pessoas.

Será que naquele dia Jerusalém presenciou multidões de pessoas andando pelas ruas, a caminho de suas casas com as roupas gotejando, encharcadas, coladas a seus corpos?

Todos esses obstáculos, mais o fato de o batismo do Espírito Santo ter sido descrito como um derramamento, na realidade se opõe fortemente à ideia da imersão, ao passo que se harmoniza perfeitamente com a aspersão ou efusão. Para esta última forma de batismo havia tempo suficiente; o lugar onde estavam era adequado, não era preciso uma muda de roupa e ninguém necessitou voltar molhado para casa. Não há, portanto, contradição entre o batismo do Espírito e o da água. A palavra batizar se emprega em ambos os casos, com o mesmo sentido, pois tanto a água como o Espírito são derramados sobre as pessoas.

Considerações finais:

Diante do exposto, podemos afirmar, sem medo de errar, que o batismo de Jesus foi por aspersão e assim foi o batismo dos demais personagens bíblicos. Negar isso é forçar a interpretação das Escrituras.


Grande controvérsia surgiu quando no século XVII, John Smyth, um anglicano convertido à igreja dos Independentes em 1609, hoje, os Congregacionais, se batizou a si próprio, e em seguida à igreja que pastoreava, por entender que o batismo deveria ser administrado somente aos adultos crentes que professassem a fé em Jesus Cristo, e não a infantes que nada entendem da fé. Isto aconteceu porque ele foi batizado na infância, e a maioria da sua congregação, também; e, em determinado tempo da sua vida passou a descrer e a pregar contra batismo infantil, como assim o faziam os anabatistas.

O modo do uso da água não causou nenhuma controvérsia teológica, no caso do rebatismo de Smith, se é que se pode falar assim, pois até aquela data, todos usavam o regar da água, seguindo o costume antiquíssimo do rito, isto é, a aspersão ou efusão, apesar de Martinho Lutero, falar que se deveria mergulhar três vezes a criança na água, por causa do termo baptismós; João Calvino, afirmou que imersão ou aspersão, não faz diferença nenhuma; e, Zuinglio defendia a administração da água, isto é, a aspersão ou efusão.

John Smyth, com seu grupo de seguidores, é visto na história eclesiástica, como sendo o fundador da linhagem histórica dos Batistas.

O maior conflito não foi o rebatismo de Smyth na Holanda, mas, a introdução da doutrina do batismo por imersão, na Inglaterra, por volta de1640, por um pastor conhecido como Helwys, quando um grupo grande de crentes  voltaram da Holanda, após a exclusão de John Smyth, pelo fato do mesmo ter-se passado para a comunidade dos Menonitas em 1611.
Os Batistas surgem na trilha do rebatismo, da rejeição ao batismo por aspersão, e da administração do batismo por imersão. Este último ponto é o grande “cavalo de batalha” dos Batistas e de todas as outras comunidades que descendem deles, acrescida do motivo da nova dissensão.

Os anabatistas, nome inicial dos Batistas, introduziram o batismo por imersão como um ato de rebeldia contra a Igreja Católica. Eles não apenas exigiam que os novos convertidos fossem batizados por imersão, para mostrar que eram diferentes dos católicos, como exigiam que os que se agregassem ao grupo fossem rebatizados.

Concordamos com o rebatizamento, por exemplo, de crianças que foram batizadas mas nunca deram profissão de fé, por serem ainda bebês. É um caso diferente. Agora, rebatizar um irmão na fé, que professa o nome de Cristo, só por ter sido batizado por aspersão, aí não podemos concordar.

O batismo por imersão cria grandes dificuldades de interpretação e acaba gerando situações peculiares. Vejamos:

Uma pessoa que está enferma não pode ser batizada por imersão. Se ela falecer, terá sido negado a ela uma ordenança do próprio Senhor Jesus.

O mesmo se aplica a pessoas muito idosas, pessoas cadeirantes, portadoras de doenças da pele, pessoas extremamente obesas e outros casos particulares.

Pessoas que estão encarceradas também encontram grandes dificuldades para serem batizadas.

O batismo dentro de tanques é insalubre, pode disseminar doenças de pele, além de ser anti-higiênico.


Certa vez assisti a um batismo na igreja em que frequentava no Rio, onde foram batizadas no mesmo tanque vinte e oito pessoas! As mulheres foram as primeiras! Imaginem se uma ou mais delas tivessem algum problema de corrimento vaginal ou estivesse menstruada! Imagine cada uma das pessoas, ao serem levantadas, expelindo água pela boca dentro do tanque! Depois da décima pessoa, a quantidade de saliva dentro da água já seria motivo imediato para a troca da mesma.

Imaginem o desperdício de água! O tamanho da conta! Em um momento tão crítico, com os recursos hídrico cada vez mais escassos!

Algumas igrejas batizam em rios, lagos ou lagoas. Entretanto, a cada dia que passa, a poluição das águas aumenta cada vez mais, podendo causar graves doenças nos batizandos!

Além disso, como visto acima, as pessoas, ao se converterem, eram batizadas IMEDIATAMENTE! Não havia “cursinho” ou “doutrinação”. Creu e aceitou a Jesus como único e suficiente Salvador, o batismo era imediato!

Agora vem a polêmica: Se o modo mais correto de batismo é por aspersão, mas tem várias denominações que batizam por imersão, isso é uma heresia? Claro que não! O importante é o batismo. Agora, em minha opinião, a igreja deveria oferecer aos seus membros a opção de imersão ou aspersão. Sem impor este ou aquele modelo. Mas pela forma prática, simples e de alcance quase que total, o batismo por aspersão, sem dúvidas, é muito mais interessante!

domingo, 11 de janeiro de 2015

OS MAGOS DO ORIENTE

A MENTIRA CONTADA MUITAS VEZES, COMEÇA A SER ACEITA COMO "VERDADE".
Todos os anos é a mesma coisa: no presépio temos a figura de Maria, José, Jesus, os pastores e ... três "reis magos", sendo um normalmente retratado como negro. Até seus nomes foram "revelados": Belchior, Baltazar e Gaspar.
“Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, vieram uns magos do Oriente à Jerusalém, e perguntavam: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo” (Mt.2:1-2).
(Na ilustração, vemos alguns dos magos, dos quais Daniel era o grande chefe, falando com o Rei Dario).
A palavra “magoi”, traduzida como “magos” sugere que eles pertenciam à casta sagrada dos Medos, sendo sacerdotes da Pérsia. A religião praticada por eles provavelmente era o Zoroastrismo, que proibia a feitiçaria; seu encontro com Jesus se deveu à sua astrologia e habilidade de interpretar sonhos.
Naquela época não havia distinção entre astronomia e astrologia. Todos os que se ocupavam a estudar os fenômenos celestes eram astrólogos. Portanto, a astrologia era considerada uma ciência. A aparição de um novo astro nos céus indicava que algo extraordinário estava por acontecer.
Teria sido a Estrela de Belém um milagre, tal qual a coluna de fogo que permaneceu no arraial durante o Êxodo dos hebreus (Êx.13:21)? Ou como o resplendor de Deus que brilhou em torno dos pastores no campo (Lc.2:9), ou ainda como a luz proveniente do céu que apareceu a Saulo de Tarsos no caminho de Damasco (At.9:3)?
Tenha sido um fenômeno natural ou sobrenatural, o que importa que os magos se deixaram guiar por ele, e isso os levou até Jerusalém. Provavelmente, eles imaginaram que o novo rei teria nascido em Jerusalém. Que outro lugar haveria para que um monarca judeu nascesse do que na cidade dos reis?
Eles também achavam que todos estavam a par da boa notícia. Mas se equivocaram. Ninguém na cidade sabia que algo extraordinário havia acontecido. “Quando o rei Herodes ouviu isto, alarmou-se e com ele toda Jerusalém” (Mt.2:3). A voz dos magos ecoou pelas ruas e mercados da cidade santa. Mas em vez de alegrar-se com a notícia, todos se alarmaram.
(Ilustração que mostra o provável rosto de Herodes).
Logo agora que todos já haviam se acostumado à idéia de terem Herodes, um edomita, como rei, a aparição de um novo rei subverteria a ordem, o Status Quo. E vale dizer que conquistar a simpatia dos judeus custou muito caro a Herodes. Entre os empreendimentos que visava conquistar a admiração dos judeus, estava a restauração do templo, tornando-o ainda mais suntuoso do que nos tempos áureos.
Herodes, agora, se sentia ameaçado. Ele sabia que não tinha o direito de sentar-se naquele trono. Ele não pertencia à linhagem de Davi. Sequer era judeu. Por isso, convocou “todos os principais sacerdotes, e os escribas do povo”, e “perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo”(v.4).
Para a surpresa deles, o Messias anunciado pela estrela não fora encontrado nos palácios de Jerusalém, mas em uma modesta casa em Belém.
“Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe e, prostrando-se, o adoraram. Então, abrindo os seus tesouros, lhe apresentaram suas dádivas: ouro, incenso e mirra”.
Para saber a necessidade de se presentear o Messias com o mais precioso metal, precisamos avançar no texto:
“E, tendo sido por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem a Herodes, regressaram por outro caminho à sua terra. Tendo eles partido, o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito. Fica-te lá até que eu te avise, pois Herodes há de procurar o menino para o matar. Levantando-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe, e foi para o Egito. Ali ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta: Do Egito chamei o meu Filho. Então Herodes, vendo-se iludido pelos magos, irritou-se muito e mandou matar a todos os meninos de Belém, e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, segundo o tempo em que diligentemente inquirira dos magos” (vv.12-16). 

(Provável modo de embalar o ouro, o incenso e a mirra, dados como presentes para Jesus).
José era carpinteiro, e provavelmente tinha uma clientela em sua cidade. Deixá-la repentinamente para ir para um país estranho provavelmente seria dispendioso. Até que ele se firmasse profissionalmente no Egito, como ele poderia prover o sustento de sua família? Foi por isso, que Deus proveu todo aquele ouro através das mãos generosas dos magos.
Nosso Deus é um Deus de provisão e não de improvisos. Ele conhece o coração dos homens, e sabe o que nos espera lá na frente. Antes que nos aconteça qualquer coisa, Ele sempre nos envia os proventos necessários.(http://www.hermesfernandes.com/2009/12/nem-tres-nem-reis-verdadeira-historia.html)
Os presentes dos magos:

Ouro  – Sempre foi um ativo valioso e um símbolo de riqueza. O ouro foi muitas vezes dado como um presente aos reis, assim dando para Jesus ouro, os sábios podem estavam  reconhecendo sua realeza. Além disso, sabemos que José e Maria eram bastante pobres e por isso o ouro teria pago suas despesas por um tempo.
Olíbano – Incenso tem sido muito valorizado por suas qualidades medicinais. ” Ao mesmo tempo incenso era uma das substâncias mais valiosas do mundo antigo. Foi muito valorizado, quase tanto como o ouro. ” Olíbano era frequentemente usado como incenso e seria queimado nos templos. Talvez os magos dessem incenso a Jesus como um ato de reconhecimento de sua Divindade.
Mirra – Mirra, como incenso, também contém propriedades medicinais. Em cima disso, ele foi muitas vezes utilizado como um agente de embalsamamento para retardar a deterioração e reduzir o odor.
Diferentemente do que é mostrado em nossos dias, só os pastores de Belém viram Jesus na manjedoura. Quando os magos foram visitar a Jesus, o encontraram junto com seu pai e sua mãe, em uma casa. 
Portanto, o presépio que costumamos visualizar no Natal, não poderia jamais ter a presença dos magos do oriente.